O amor é, sempre, uma página escrita em hebraico.
Provérbio Popular Português
Não é preciso muito para que o debate sobre Israel se torne pessoal. Sobretudo por causa da paixão que desperta, e este debate não tem interesse nenhum se não for apaixonado. Por isso decidi escrever uma carta de amor a Israel ou, melhor dizendo, um espetáculo de amor. Uma declaração de amor a um suposto monstro.
Voltaire escreveu que é preciso escolher entre países onde se sua e países onde se pensa. Em Israel (o país e o espetáculo) faz-se as duas coisas. O contexto reclama uma vigília constante, um pensamento não-binário, cabeça & músculo. Aqui cada história individual deve ser lida como a história de Israel, e a história de Israel como a história de uma só pessoa.
O ator está sentado em frente ao seu computador, o seu rosto projetado numa tela. É difícil dizer para quem e por quem ele fala: com o público, com ele mesmo, com o objeto do seu amor? Israel, aqui uma nação em forma de ficção, toma um rosto humano, como alguém com quem é preciso viver.
A peça, apresentada em Lisboa, Paris e Telavive, recebeu da Sociedade Portuguesa de Autores em 2011 o prémio de melhor texto representado.
Pedro Zegre Penim