O projeto Con Con é, por entre uma vasta e por vezes incipiente "moda" de complementar com imagem músicas que têm, elas próprias, um forte carácter imagético, um dos raros ensembles a utilizar, em igual destaque, ambas as linguagens.
Os Con Con, nome utilizado para designar "peixe voador" em São Tomé e Príncipe, país no qual o projeto surge no contexto de uma residência artística, são a interação entre o som gerado por uma parafernália de sintetizadores e outros objetos analógicos, da responsabilidade de Jorge Nunes, e a manipulação constante de pigmentos, objetos, e das próprias ondas sonoras em projeções da artista plástica Mariana Marques.
No RESCALDO promoveremos uma colaboração recente, com a violoncelista e cantautora Joana Guerra, artista que, apesar da formação clássica, tem vindo a trilhar caminhos que a levam, a solo, a registos que unem sensibilidades folk e pop com características experimentais, e, em múltiplas colaborações com várias figuras da música improvisada sobretudo, mas não exclusivamente, lisboeta, a várias formas de criação não-idiomática e de difícil catalogação. A colaboração com os Con Con insere-se nesta última linhagem, num caminho de abstração coletiva, sinestética, que assinala também a presença no festival de três figuras associadas a um dos mais dinâmicos e dinamizadores coletivos lisboetas, a Associação Terapêutica do Ruído.
Surgidos das cinzas dos The Astonishing Urbana Fall, uma das mais marcantes e celebradas formações de verdadeira vanguarda da década de 90, os La La La Ressonance retomaram, em 2005, e com a sua formação inalterada, um trabalho que se revelara demasiado valioso para não ter continuidade.
Palisade, lançado em 2006 pela saudosa editora Borland, deu o mote para a continuidade de uma liberdade formal e um desprendimento de géneros que com facilidade cruzou referências jazzísticas, eletrónicas e do chamado pós-rock num todo instrumental de rara coerência, pertinência e visão traduzidas em arranjos e interpretações sem mácula.
Desde então, os La La La Ressonance têm vindo a aprofundar quer a intensa relação da sua música com as imagens em movimento, construindo espetáculos e discos para obras cinematográficas de Len Lye, Osamu Tesuka, Georges Méliés e FM Murnau (cujo Faust inspira o seu 3.º álbum, de 2012), quer a sua propensão para colaborações relativamente improváveis, como no caso do ensemble de saxofones Quad Quartet, no seu 2º disco, ou, mais recentemente, com os conterrâneos Black Bombaim no álbum sem título lançado já em 2014 pela PAD. Este último caso serve ainda de mais uma prova, se tal fosse necessário, da excelência e diversidade da música atualmente feita em Barcelos, cada vez mais polo criativo incontornável da contemporaneidade nacional.