Ao pensarmos o Festival Cumplicidades considerámos que uma programação deve ter um propósito ancorado na realidade artística e social de uma população. E observamos que, atualmente, a comunidade de dança contemporânea vive constrangida relativamente aos seus meios de produção e de difusão embora disponha de agentes talentosos e capazes de múltiplas elaborações artísticas.
Desta forma, o Festival Cumplicidades, na sua primeira e experimental edição a decorrer em março de 2015, apresenta-se como um lugar de encontro entre iguais e diferentes, habitantes de uma mesma comunidade histórica. O festival decorre no ano em que assinalam os cinquenta anos da criação do Grupo Gulbenkian de Bailado, aquele que foi um momento impulsionador no desenvolvimento da dança em Portugal e que permitiu na década seguinte abrir o caminho à emergência da dança contemporânea e à criação de uma companhia nacional de bailado. Deste modo, colocamos a memória como conceito central do Festival Cumplicidades e propomos uma programação dividida em distintos formatos distribuídos em espaços de acolhimento da cidade de Lisboa: espetáculos, workshops, palestras e itinerários guiados. Convocando protagonistas de diferentes gerações recordamos a trajetória da dança contemporânea portuguesa desde o final dos anos 80 do séc. XX.
Não sendo nossa intenção realizar uma genealogia da dança portuguesa, pretendemos convocar algumas figuras que honram a nossa curta história: os ascendentes dos anos 80, pioneiros da Nova Dança Portuguesa; as figuras de transmissão patrimonial e de continuidade para o séc. XXI e alguns dos novíssimos nomes da dança portuguesa.
Ezequiel Santos
Workshop
Sex 20, sáb 21 e dom 22
Das 15h às 19h · Sala 6
Neste workshop, a bailarina e coreógrafa Vânia Rovisco aprofunda as práticas e pensamentos que orientam o seu universo de investigação. A criadora propõe-se trazer os extensos conhecimentos adquiridos enquanto bailarina e associá-los à sua experiência em galerias de arte como autora e performer de instalações ao vivo. Deste modo, através da relação com os participantes criar-se-á um lugar em que o corpo, o movimento, o som e a plasticidade se misturam. A informação produzida em estúdio resultará num processo contínuo e ao vivo e será apresentada numa mesa redonda, aberta ao público, no dia 29.
Mesa Redonda
Dom 29
Das 14h15 às 18h · Sala 2
O que terão os criadores a dizer sobre os motivos que orientam o seu trabalho? Quais os pensamentos que emergem da prática da dança em múltiplos lugares públicos e privados? Que conhecimento gostariam de legar aos públicos e os parceiros da sua atividade? Com esta mesa redonda, o Festival Cumplicidades pretende afirmar um momento de partilha de experiências que promova o debate e circularidade de ideias entre os cúmplices: profissionais da dança em diferentes papéis e, público consumidor. Em ambiente de suficiente formalidade serão tratados dois temas. No primeiro, cinco criadores expõem um pouco do seu universo singular: os conceitos que os ocupam, as descobertas que têm feito, as metodologias e campos artísticos que têm tocado. No segundo, quatro coreógrafas com larga experiência no ensino da dança em diferentes paisagens humanas apresentarão o seu testemunho: a dança na formação das crianças, o contacto com comunidades remotas e minorias étnicas, a dança enquanto promotora de bem-estar em pessoas com doenças físicas.
A investigação em dança na perspetiva dos criadores
Oradores Lígia e Andresa Soares (bailarinas e coreógrafas), Pedro Ramos (coreógrafo e professor), Sónia Baptista (bailarina e coreógrafa), Vania Rovisco (bailarina e coreógrafa) Moderadora Paula Varanda (coreógrafa e investigadora)
A experiência da dança em diferentes comunidades humanas
Oradores Aldara Bizarro (bailarina e coreógrafa), Margarida Bettencourt (coreógrafa e professora), Sílvia Real (bailarina e coreógrafa), Sofia Neuparth (coreógrafa e professora) Moderador Ezequiel Santos (ex-bailarino, psicólogo)