Eneida Marta nasceu em Bissau, pouco antes da independência do seu país, numa família de fortes inclinações artísticas. Cantou desde menina. Veio para Lisboa e a partir daí começou a construir, sem pressas, uma sólida carreira internacional. O seu segundo CD, Amari, saído em 2002, chamou a atenção da americana Putumayo, célebre por editar coletâneas de músicas do mundo, que nesse mesmo ano incluiu Eneida na compilação An Afro-Portuguese Odissey. Trabalhando com outros artistas, fazendo numerosos concertos em circunstâncias muito diversas, participando em várias compilações, editando discos, foi construindo uma carreira que já lhe valeu um primeiro lugar num concurso de World Music e ser selecionada pela Womex, em 2008, para se apresentar em showcase perante três mil delegados, de que resultou uma aplaudida digressão internacional.
O seu mais recente CD, o quinto da sua discografia como autora, Nha Sunhu, está na base deste concerto. "Eu tinha o sonho de produzir um trabalho meu, queria experimentar algumas ideias que fui solidificando ao longo dos anos. Este álbum é o resultado disso, dessa sede de independência". Os textos que canta resultam de uma seleção de trabalhos de alguns dos mais destacados poetas guineenses, com uma exceção, Nha Principe, que ela própria escreveu.
Eneida Marta é uma artista especial, como é uma pessoa especial. O álbum é magnífico, o timbre singular da sua voz equilibra lamento e esperança numa única palavra. As suas interpretações são profundas, maduras, vividas, emocionam quem as ouve. Um excelente concerto que não deve perder.