Esta é a décima edição dos PANOS, um projeto que junta a nova escrita para teatro ao teatro que é feito por adolescentes. Mais de trinta grupos escolares e juvenis do país inteiro escolheram encenar uma das três peças propostas, e neste festival da Culturgest mostram-se dois espetáculos de cada texto. Este ano são três originais, escritos de propósito para os PANOS.
O diálogo é um monólogo disfarçado ou é o contrário que é verdade? Miguel Castro Caldas (um repetente nos PANOS, depois de nós numa corda para a edição de 2009) escreveu Diálogos para olhar o diálogo de frente, falar com ele, perguntar-lhe para que serve. E assim estudar a questão do Outro, da dificuldade do Outro: aquele que vem lá ao fundo e se aproxima, estrangeiro, terrorista, mas que num instante deixa de ser um ele e passa a ser um tu, e de repente fala a nossa língua, é nosso irmão ou primo, e estamos de novo enrodilhados de família. E eu, sou o que fala ou o que escreve?
Ponto da Situação de Tim Etchells é uma co-encomenda do projeto Connections do National Theatre de Londres, em que os PANOS se inspiram, e resulta ainda da bienal Artista na Cidade 2014. Um coro de jovens performers enfrenta o público e percorre um conjunto de afirmações sobre aquilo que sabem, o que lhes deixa dúvidas, o que não sabem e o que acham que nunca saberão de todo. Entre os confins da infância e as trajetórias, decisões e experiências da vida adulta, o panorama dá continuidade à obsessão de Etchells com listas (prolongando por exemplo That Night Follows Day, que a Culturgest apresentou em 2008) e permite aos adolescentes questionar, celebrar e fazer troça do seu lugar no mundo.
O autor galego Pablo Fidalgo Lareo criou uma espécie de assembleia íntima com Só há uma vida e nela quero ter tempo para construir-me e destruir-me. A peça é uma paisagem que qualquer um pode reconhecer. Palavras que convidam a estar calmo, a sussurrar, a falar olhando nos olhos, a dançar suavemente. Palavras que questionam a educação, o presente. Palavras que podem purificar os corpos e devolver-lhes a sua pureza e o seu pecado original. Um manual de instruções para ser credível e para mudar o sistema a partir de dentro.
Em novembro passado realizou-se um workshop com os autores destinado aos encenadores dos grupos para analisar e discutir os textos que cada um escolheu trabalhar. As sessões foram orientadas por Lígia Soares (Diálogos), Tim Etchells e Cathy Naden (Ponto da Situação) e Pablo Fidalgo Lareo (Só há uma vida…). As estreias têm lugar até ao fim de abril. Para o festival publica-se ainda um livro com os três textos.
Programa
Sexta, 22 de maio
18h30, Pequeno Auditório
Diálogos
Grupo Pê da Animateatro (Seixal)
21h30, Palco do Grande Auditório
Ponto da Situação
Grupo de Teatro Na Xina Lua – Escola Secundária/3 de Tondela
Sábado, 23 de maio
16h, Sala 2
Pano Para Mangas – Conversa com os autores
18h30, Pequeno Auditório
Ponto da Situação
Grupo Cénico do Colégio José Alvaro Vidal – Fundaçao CEBI (Alverca)
21h30, Palco do Grande Auditório
Só há uma vida e nela quero ter tempo para construir-me e destruir-me
Grupo de Teatro Juvenil do Virgínia (Torres Novas)
Domingo, 24 de maio
16h, Pequeno Auditório
Só há uma vida e nela quero ter tempo para construir-me e destruir-me
Grupo de Teatro do Colégio José Álvaro Vidal - Fundação CEBI (Alverca)
18h30, Palco do Grande Auditório
Diálogos
Sexta Insónia do Agrupamento Vertical de Escolas Eng.º Nuno
Mergulhão (Portimão)