Ora aqui está um grupo transnacional tocando uma música trans-idiomática. Velkro é a associação de um norueguês (Stephan Meidell), um esloveno (Boštjan Simon) e um português (Luís Candeias) em torno de um projeto simbiótico em que elementos do rock indie e da eletrónica exploratória são tão determinantes quanto os do jazz criativo e da improvisação livre. Defendem eles próprios que «quanto maior for o campo de jogo, mais viva é a experiência» e fazem-no com ímpetos de urgência. O título do seu novo disco é indicação suficiente: Don't Wait for the Revolution.
A música que nos propõem é uma sedutora mistura de ritmos repetitivos, paisagens sonoras, texturas abstratas e voos instrumentais muito soltos, entrando resolutamente por situações que julgaríamos incompatíveis. Os resultados são ora barulhentos, ora poéticos, e tanto podem escolher a via do mais contagiante groove como parecer a banda sonora de um sonho. É agridoce, e se umas vezes carrega nas cores e escurece, em outras ocasiões surge luminosa. Como alguém disse, «não é pós-bop, é pós-Velvet Underground».