Conhece-se a reação de descontentamento de Isabel I de Inglaterra quando Shakespeare levou à cena a peça Ricardo II. Estava-se em plena revolta congeminada por Essex e o texto avivava os ódios e as paixões. Este exemplo, entre muitos outros, serve para ilustrar a constante permeabilidade entre o território literário e o histórico, como afirma Stephen Greenblatt, um dos impulsionadores da teoria literária que, a partir dos anos 1980, passou a ser catalogada como "novo historicismo". Há quem critique este movimento alegando que, desta feita, se reduz o que é literário a histórico e o que é histórico a literário. Não será necessariamente assim, uma vez que estas práticas ajudam a compreender a Literatura à luz de um contexto histórico, enquanto a História, em si própria, se vai fazendo apoiada na literatura. É o que se poderá constatar (ou não), através da leitura dos romances deste ciclo que, sucessivamente, servidos por formas literárias bem distintas, convocarão as discussões em torno do que se convencionou chamar o Século das Luzes, a resistência na II Grande Guerra, o Renascimento, a caótica Inglaterra de Henrique VIII, a Revolução Industrial em Portugal e, finalmente, os delírios imperiais de Alexandre, o Grande, e o seu fascínio pelo Oriente. Será a História uma longa ficção? Ou será que a Literatura não existe sem a História?
10 de setembro
As Luzes de Leonor, Maria Teresa Horta, Ed. Dom Quixote
24 de setembro
Educação Europeia, Romain Gary, Sextante Editora
15 de outubro
Bomarzo, Manuel Mujica Lainez, Sextante Editora
5 de novembro
O Livro Negro, Hilary Mantel, Civilização Editora
26 de novembro
As Mulheres da Fonte Nova, Alice Brito, Editora Planeta
10 de dezembro
A Última Viagem, Laurent Gaudé, Sextante Editora