Se se tratasse de uma banda de rock, o mais natural seria que se chamasse Toxic. Mas não, o jazz é a linguagem escolhida e o propósito deste grupo formado pelo guitarrista Nuno Costa com alguns dos mais ilustres músicos em atividade na área, designadamente João Moreira (ou Rita Maria, quando o trompete é acompanhado por uma v0z feminina, como é o caso deste concerto), Óscar Marcelino da Graça, Bernardo Moreira e André Sousa Machado (neste concerto substituído por Bruno Pedroso), é limpar as muitas gorduras que se lhe agarraram para ver o que está por baixo. Detox é, de facto, o termo mais correto para indicar esta música que só tem a massa corporal necessária para a distinguir dos muitos produtos de laboratório que há por aí.
Antes de tudo o mais, os Detox libertaram-se dos estereótipos do jazz. Se alguns subsistirem é para que possam "brincar" com eles. O resto veio com muito trabalho de pedra: seis anos, seis para garantir o nível de maturidade e solidez pretendido. Depois dos álbuns Reticências Entre Parêntesis (2009) e All Must Go (2012), o novo CD homónimo do quinteto, Detox, é indubitavelmente um longo passo em frente. Mário Laginha já teve oportunidade de mergulhar na música do álbum e o seu comentário é esclarecedor: «Dá prazer ouvir e nunca é previsível. Não sinto que seja preciso pedir mais de um disco.»