Se quisermos escolher o mais representativo exemplo da característica identidade do jazz de Nova Iorque na década de 1990, nenhuma outra formação além do Joe Morris Quartet teria igual simbolismo. As passagens do grupo de Joe Morris, Mat Maneri, Chris Lightcap e Gerald Cleaver por espaços como a Knitting Factory, e discos como Underthru e At the Old Office, marcaram aquele tempo e a estética que ficou conhecida como própria da cena downtown. O projeto desfez-se entretanto, com cada um dos músicos a desenvolver as suas independentes atividades como líderes e compositores, para de novo se reunir com um disco, Balance (2014), que veio estender para outros desfechos o que antes tinha proposto.
O que quer dizer que, se este é o mesmo Joe Morris Quartet, é também outra coisa que o passado não fazia suspeitar. E designadamente na forma como composição e improvisação se conjugam, agora ainda mais aberta. O guitarrista e mentor, Joe Morris, apenas traz consigo alguns motivos melódicos e tudo o resto se acrescenta com base nos princípios da espontaneidade, da intuição e das experiências individuais numa dedicação específica: tornar a escuta dos outros num princípio criativo. Resulta uma música vibrante, fortemente interativa e feita de minúcias, tão orgânica quanto um campo pronto a lavrar.