A afirmação de que a Literatura define o espírito de um tempo, num determinado espaço, numa determinada geração, numa determinada conjuntura tornou-se, há muito, um cliché. No entanto, nunca é demais enfatizar que a "ficção" é, literalmente, a "realidade" possível, graças ao engenho de escritores e escritoras que, no ato de captar determinadas "atmosferas", nos convocam para a reflexão sobre o mundo e sobre tudo o que faz parte da dinâmica do universo. As obras incluídas nesta Comunidade são muito diferentes entre si – metade delas definem um tempo violento, a outra metade momentos pacíficos (embora exaltantes) – mas convergem num ponto: a mestria dos respetivos autores e autoras.
A convulsa Nápoles da misteriosa Elena Ferrante, o Alentejo profundo de Mário de Carvalho, o espaço mental dos membros da família Ramsay, em Virgínia Woolf, a América durante a Depressão de Marylinne Robinson, o quotidiano banal dos carrascos dos campos de concentração nazis, em Martin Amis, e a desumanidade dos trabalhos forçados na obra de Flanagan serão certamente pretextos pertinentes para longas conversas e muita discussão.
Helena Vasconcelos
14 de janeiro
A Amiga Genial, Elena Ferrante, ed. Relógio D'Água
4 de fevereiro
Zona de Interesse, Martin Amis, ed. Quetzal
25 de fevereiro
Lila, Marilynne Robinson, ed. Presença
3 de março
Rumo ao Farol, Virginia Woolf, ed. Relógio D'Água
31 de março
A Senda Estreita para o Norte Profundo, Richard Flanagan, ed. Relógio D'Água
7 de abril
Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina, Mário de Carvalho, Porto Editora