Num palco quase vazio, um homem e uma mulher confrontam-se num diálogo que é na verdade dois monólogos, e isso através de palavras-soco, que batem forte, machucam, deixam vestígios. As perguntas / respostas sucedem-se, a respiração bloqueia-se, torna-se uma espécie de abismo entre o medo e a libertação, entre o alívio e o choque. É uma experiência que o público vive como se olhasse pelo buraco da fechadura. Num texto que soa como uma arma de fogo, assistimos, impotentes, às deflagrações. Tal como as personagens, estamos "sentados em cima de um vulcão", com medo da erupção iminente. O masculino e o feminino enfrentam-se: dois olhares, duas linguagens para exprimir a violência de um amor que acaba. Último round.
Victor de Oliveira
Dramaturgo, encenador, realizador e coreógrafo, Pascal Rambert é diretor do Théâtre de Gennevilliers. Final do Amor é uma peça premiada que estreou em Avignon em 2011 e que Rambert encenou já em várias línguas e cidades, de Roma a Nova Iorque, de Osaka a Barcelona.
Nascido em Moçambique, Victor de Oliveira fez o curso de atores do Instituto Franco-Português e mudou-se para Paris em 1994, trabalhando com encenadores como Wajdi Mouawad e Stanislas Nordey. Em Portugal apresentou Magnificat (Festival de Almada, 2000) e Na Solidão dos Campos de Algodão de Koltès (enc. Philip Boulay, Culturgest / Festival de Almada, 2006).