Quando era adolescente, Jonathan Capdevielle decorava e cantava êxitos pop, sobretudo de Madonna. Esse material, transformado e cantado a cappella, junta-se em Adishatz / Adieu aos cantos pirenaicos e a conversas imitadas para formar um autorretrato onde a identidade da personagem se vai revelando: ambivalente, complexa, vulnerável, divertida ou triste, homem ou mulher.
Como notas num caderno, este é um documentário confessional entre a vida real e sonhada – sobre a adolescência, a masculinidade, as raízes e a família.
Ator fetiche das peças de Gisèle Vienne (entre as quais Jerk, visto no FIMFA / Teatro Maria Matos em 2011), Jonathan Capdevielle tem também um percurso a solo no qual se destaca o espetáculo que agora apresentamos – e que recebeu o ano passado o Grande Prémio do Festival de Belgrado (BITEF).
É – tenho de dizer em voz alta? – brilhante (eu achei). (…) É continuamente encantador ao mesmo tempo que é de certa forma ligeiramente sinistro, assustador e repulsivo (no sentido mais literal). É digamos que simultaneamente soft e hard. É tanto absolutamente Queer como de algum modo agressivamente straight e masculino tudo ao mesmo tempo.
Andrew Haydon, Postcards from the Gods, 23 de setembro de 2015