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2016


LEITURAS
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"E viveram felizes para sempre…"
por Helena Vasconcelos
destaque
Hieronymus Bosch. O Jardim das Delícias Terrenas, 1504 (pormenor do painel central)VER IMAGEM
DE 8 SETEMBRO
A 15 DEZEMBRO
Sala 1 · 18h30
Inscrições na bilheteira da Culturgest, pelo telefone
21 790 51 55 ou pelo e-mail culturgest.bilheteira@cgd.pt
Lotação: 40 participantes
 
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"E viveram felizes para sempre…" Esta bem conhecida fórmula, presente nos finais dos contos de fadas, é previsivelmente enganadora. Para além de sabermos que tudo no universo é finito, a felicidade tão pouco é um estado duradouro. Tolstói, no célebre início de Anna Karenina, escreveu que, «Todas as famílias felizes são iguais, cada família é infeliz à sua maneira», retirando, desta feita, todo o potencial literário, romanesco, à felicidade. No entanto, desde a Antiguidade que os filósofos questionam a noção de felicidade. De acordo com o pensamento de raiz socrática, a própria "filosofia" conduz à felicidade – Platão associou-a à sabedoria, à "eudaimonía", termo que significa viver sob a influência de um espírito bom. Para Aristóteles, a felicidade era o objetivo principal do ser humano, "porque todos os nossos atos tendem para o bem". Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche pensaram a felicidade e Freud também especulou sobre o assunto, ligando-o ao prazer. No século XX, Alan Watts escreveu que a "ansiedade" contemporânea – viver para o futuro e não no presente – é a principal inimiga da felicidade.

"Gente feliz não tem história", diz-se amiúde, e, neste ciclo, discutiremos tudo o que possa provar o contrário. Do realismo aliado à ironia em Flaubert e Eça, passando pela pertinácia de Austen, pela superação do luto de Macdonald, pela ânsia de liberdade de Sapienza ou pelas atribulações de uma vida, no caso do herói de Boyd, tudo converge para o desejo de retratar vidas intensas em que se destaca a procura da felicidade ou de algo que se lhe assemelhe, ou a substitua.

 

 

Qui 8 de setembro

A Educação Sentimental, Gustave Flaubert, ed. Relógio D'Água

 

Qui 22 de setembro
Persuasão, Jane Austen, ed. Relógio D'Água

 

Qui 6 de outubro

A Arte da Alegria, Goliarda Sapienza, ed. Dom Quixote

 

Qui 3 de novembro

Viagem ao Fundo de um Coração. Os Diários Íntimos de Logan Mountstuart, William Boyd, ed. Casa das Letras

 

Qua 30 de novembro

A de Açor, Helen Macdonald, ed. Lua de Papel

 

Qui 15 de dezembro

A Cidade e as Serras, Eça de Queirós, Porto Editora

 

 

"And they lived happily ever after..." The well-known ending for fairy tales is predictably deceptive. Everything is finite and happiness is, definitely, not everlasting. Happiness has been questioned since antiquity and, in this cycle, we investigate it: from Flaubert and Eça's realism mixed with irony to Austen's pertinacity, the overcoming of mourning in Macdonald, Sapienza's longing for freedom or the trials and tribulations of life, in the case of Boyd's hero, all converge towards the desire to portray intense lives where the search for happiness or something similar is what matters.