"O clima é a variável mais potente a atuar sobre nós".
"Weather is presence", forma um "corpo inconsciente", conectando o corpo humano ao cosmos em geral. Nas situações extremas de clima, quando somos avassalados pelo exterior, podemos experimentar o germe de uma outra forma de pensamento assente em novos equilíbrios entre a dimensão sensorial e racional.
O paralelismo entre o aquecimento global e um estado febril e embotado aproximaram-nos das temáticas do fim das possibilidades e dessa forma de pântano em que perdemos impulso vital.
Um espaço feito de cruzamentos foi tomando forma: estação meteorológica, sanatório, estância termal, laboratório artístico.
O repto que ali prevalece foi lançado por Goethe no seu Diário das Nuvens: reintegrar o céu na paisagem humana.
Improvisa-se uma espécie de hipersensibilidade climática e explora-se a força e imprevisibilidade de nos deixarmos atravessar pelas mais variadas forças naturais. O corpo transformado em paisagem submete-se à ação de um potente imaginário climático e deixa-se viajar.
Aderimos ao encontro entre poesia e estudo da natureza defendido por Goethe e somos seduzidos por essa sua ideia que a observação atenta da natureza poderá desenvolver no homem uma espécie de novo órgão, uma outra forma de lucidez.
O projeto terá uma forte dimensão transdisciplinar, querendo-se desenvolver um trabalho que assenta em diálogos imbricados entre dança, teatro, som e vídeo.
André Braga e Cláudia Figueiredo