SAM Às vezes há pessoas que ficam sentadas até ao fim do genérico. Mas depois vão-se embora.
Annie Baker, O Cinema
Num cinema esquecido de província, três empregados mal pagos varrem pipocas nas coxias vazias e cuidam de um dos últimos projetores de 35mm. Um tributo ao cinema e um comovente retrato de três pessoas que talvez não tenham futuro.
O cinema acabou? E o trabalho? O que ficou de um mundo que pensámos ia durar muito mais tempo? Lixo, vassouras, bilhetes rasgados, bobines por devolver? E no entanto, o desejo, talvez o amor.
Insistindo num realismo a que chamamos americano, rarefeito e dilatado até parecer outra coisa, Annie Baker escreve aqui uma elegia. Um teatro singular, este que agora apresentamos: melancólico, finamente observado, duro e generoso, cómico quase sempre.
Cinema e teatro dançam ao som de Jeanne Moreau em Jules et Jim: "No turbilhão da vida / Continuámos a rodar / Os dois enlaçados".
Com esta peça Annie Baker recebeu um Obie Award e o Prémio Pulitzer em 2014. Escreveu também, entre outras, The Aliens, Body Awareness, Circle Mirror Transformation (que o Teatro Oficina apresentou em 2014), John e uma adaptação do Tio Vânia de Tchékhov.
In a forgotten cinema in Massachusetts, three underpaid employees sweep up popcorn in the empty aisles and look after one of the last 35mm projectors. A tribute to the movies and a moving portrait of three people who might not have a future. Is cinema over? What about labour? What's left of a world we thought would last much longer? Trash, brooms, torn tickets, unreturned reels? And yet, there's desire, perhaps love.
Insisting on a realism we call American, but rarefied and dilated until it looks something else, Annie Baker's The Flick is an elegy, and a singular kind of theatre: melancholic, finely observed, harsh and generous, often funny. Cinema and theatre dance to the sound of Jeanne Moreau in Jules et Jim: "In the whirlwind of life / We kept on turning / Both of us embracing."
For this play, Annie Baker received an Obie Award and the Pulitzer Prize.