A pulsação vem do rock e das pistas de dança, o trabalho melódico poderia ser o da canção pop e as construções harmónicas ora têm alguma coisa da música clássica, ora refletem a tradição popular do nosso país, mas o formato é o do jazz. Designadamente, do jazz elétrico. Acontece, porém, que o projeto Home processa esta mescla de elementos dentro da moldura daquele jazz que vem de Miles Davis, Weather Report, Return to Foverer e Mahavishnu Orchestra com uma formação instrumental de todo incomum: um acordeão MIDI que soa como um Fender Rhodes e um MiniMoog (João Barradas), duas guitarras (Mané Fernandes e Gonçalo Neto), um vibrafone (Eduardo Cardinho), um baixo (Ricardo Marques) e uma bateria (Guilherme Melo). A escrita de Barradas para o sexteto é meticulosa, mas deixa amplo espaço para a improvisação, não ficando esta apenas entregue aos solos – o trabalho coletivo é, aliás, um dos grandes argumentos do grupo. Sincopada, saltitante, irrequieta, nervosa mesmo, a música dos Home deixa-nos à beira das cadeiras e só não nos levantamos porque a mente também é convocada. Pelo meio pode surgir alguma das mais belas baladas que têm sido criadas entre nós ou uma dissertação introspetiva e exploratória com métricas armadilhadas e domínio técnico tornado expressão pura.
The beat comes from rock and the dance floor, the melody could be taken from a pop song, and the harmonic constructions have elements from both classical and traditional Portuguese music, but the format is that of electric jazz, played with a quite uncommon line-up: a MIDI accordion that sounds like a Fender Rhodes, a MiniMoog, two guitars, a vibraphone, a bass and drums. Barradas’ composition for the sextet is meticulous, leaving room for improvisation, but always placing emphasis on the group as a whole. Home’s syncopated, bouncy and restless music leaves us on the very edge of our seats.