A produção de crianças disparou. Os números pouco importam. Disparou. Os Serviços Não Especificados começaram a introduzir fórmulas arbitrárias de diferenciação nos centros de incubação e condicionamento e sim, agora podemos dizer: todos diferentes, todos iguais. Para melhor. Para uma maior rede de contactos e com vista a outros mundos para além deste. O facto da primeira projeção ser um deserto permite não só que as crianças fiquem iludidas com a sua amplidão, mas também que se apercebam da aridez da vida fora da sala branca. Esse é outro dos avanços a destacar nesta iniciativa: a sala branca já não é uma sala branca, mas um deserto vasto e cheio de possibilidades, onde te perdes e onde te encontras, etc. Estas crianças são a matéria do estudo.
O objetivo deste estudo é descobrir se a liberdade, direito catalisador e diferenciador da massa, se materializará na transfiguração deste mundo árido noutro mundo, noutro onde, noutro quando, ou se, em vez disso, a sala branca se revela em toda a sua limitada capacidade de armazenamento de projeções imaginárias e se descubra a saída. A porta. A entrada. Investimos muito nas crianças.
Os Possessos são um coletivo fundado em 2013 por Catarina Rôlo Salgueiro, João Pedro Mamede e Nuno Gonçalo Rodrigues depois de um exercício final de Conservatório que os deixou traumatizados mas com vontade de trabalhar juntos. Contam com uma equipa de mais de vinte pessoas. Criaram os espetáculos Rapsódia Batman, II – A mentira e Marcha invencível.
Os Possessos rewrite myths and narratives that define western culture, proposing a meeting between artists and spectators to create a common fiction about a possible future.