Vivemos um período de transição profunda, marcado por um passado que já não é possível prolongar e por futuros anunciados que não se irão cumprir. A visão unilinear de modernização, progresso e desenvolvimento encontra-se, hoje, profundamente abalada. Pelo contrário, instabilidade e complexidade, imprevisibilidade e contingência, são elementos centrais das sociedades contemporâneas.
Este novo contexto obriga a questionar velhas certezas, a contestar análises, a duvidar de soluções dadas como adquiridas. O pensamento contraintuitivo ganha, assim, um renovado papel. Talvez haja, afinal, mundos que não vemos, alterações que nos escapam. Talvez haja, também, espaços de esperança por identificar e soluções inteligentes por desenvolver. A Geografia tem um contributo a dar para tornar o atual período de transição mais escrutinável e inteligível, mais promissor e melhor gerido. Revelar mundos invisíveis, decifrar dinâmicas territoriais em curso, imaginar espaços desejados e propor soluções adequadas a um globo crescentemente interdependente não são tarefas fáceis. Mas a imaginação e a inteligência geográficas permitem-nos olhar de uma forma inovadora e articulada para o Mundo, a Europa e Portugal. Centrando sucessivamente a atenção em cada um destes espaços, mas adotando sempre uma visão multiescalar, o ciclo Geografia e pensamento contraintuitivo procurará ilustrar a importância de olhares geográficos transformadores no atual contexto de crise e transição.
João Ferrão é doutor em Geografia e investigador principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Especialista em Geografia Humana, ordenamento do território e desenvolvimento regional e urbano. Coordenou diversos estudos de avaliação de políticas públicas, para o Governo português e a Comissão Europeia. Foi Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades (2005-9).
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