A “explosão”, plenamente consumada em 2012, da Cafetra Records enquanto coletivo de músicos da máxima relevância e frescura no panorama nacional, deu e tem vindo a dar frutos que extravasam a linhagem
indie/lo-fi/garage a que associamos a maioria dos seus projetos. Exemplo disso mesmo são estes Go Suck A Fuck, cujo disco de estreia,
Para o seu marido, mostra uma faceta muito mais aberta (ou em aberto), plácida e dificilmente classificável. Na ausência de percussão e baixo, sobram guitarras dolentes, teclados em fraseados lúdicos e conversas extraídas de fontes múltiplas que se encontram em
flirts breves (não há uma única canção que atinja a marca dos 2 minutos), pequenos esqueletos de fórmulas
indie-rock clássicas que preservam um certo onirismo e lirismo originários. Todos estes fragmentos parecem pistas para algo ainda por vir; alimentemo-nos dessa expectativa.
gosuckafuck.bandcamp.com
Albatre – 23h · Dur.: 45 min.
Alto sax, efeitos Hugo Costa Baixo, eletrónicas Gonzo Almeida
Bateria Philipp Ernsting
Trio sediado em Roterdão e formado por dois
jazzmen portugueses (Gonçalo Almeida, baixo, e Hugo Costa, saxofone), aos quais se junta o percussionista Philipp Ernsting, os Albatre operam na interseção entre as dinâmicas do
free jazz e uma pulsão eminentemente rock, na sua vertente mais próxima do
noise (ao jeito dos saudosos portugueses Fish & Sheep, por exemplo, e a tudo o que neles os aproximava do desregramento nipónico epitomizado por uns Fushitsusha), integrando uma comunidade criativa em crescendo, sedeada nos Países Baixos, na senda de ruidosos trios fundadores como os Julie Mittens ou os Cactus Truck. A participação dos Albatre no RESCALDO assinalará a edição do seu primeiro álbum, com a chancela da Shhpuma Records.
albatre.bandcamp.com/releases