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2013


JAZZ
Ballister
Ciclo “Isto é Jazz?” · Comissário: Pedro Costa
destaque
QUA 27 DE FEVEREIRO
Pequeno Auditório
21h30 · Duração: 1h
5€ (preço único)
M3
Informações
21 790 51 55
culturgest.bilheteira@cgd.pt
Saxofones alto e tenor Dave Rempis Violoncelo Fred Lonberg-Holm
Bateria Paal Nilssen-Love
O conceito de power trio é originário do rock, mas este grupo sediado em Chicago (Nilssen-Love pode ser norueguês, mas é um cúmplice da cena local da Windy City) adota por inteiro a sua energia e ao fazê-lo adapta a configuração guitarra-baixo-bateria para a realidade do jazz.
À frente está não um guitarrista, mas Dave Rempis e os seus saxofones, alguém que, não por coincidência, é um dos programadores de um dos mais importantes eventos do rock indie, o Pitchfork Music Festival. As funções da guitarra e do baixo estão a cargo do violoncelista Fred Lonberg-Holm, e se bem que este seja o único a recorrer à eletricidade, o que faz com a dita chega e sobeja para as ilações roqueiras. A bateria está, por sua vez, entregue a um homem, Paal Nilssen-Love, para quem free jazz e free rock não são, propriamente, abordagens distintas, como temos ouvido na principal banda de que faz parte, The Thing.
A formação instrumental dos Ballister é também herdeira dos trios de hard bop inaugurados por Sonny Rollins, apenas com a substituição do contrabaixo, essa outra referência misturando-se com a ideia de vanguarda enraizada na tradição de um Julius Hemphill, sobretudo na fase em que este integrou um violoncelo, o de Abdul Wadud, nos seus parâmetros composicionais, e com o melhor que os equacionamentos do jazz com o rock (e com o funk, um padrão sempre vivo no que respeita aos preceitos groovy) ofereceram no passado, do Miles Davis elétrico aos Prime Time de Ornette Coleman.
Com tal “bagagem”, a música destes Ballister só podia ser o que é: livre, barulhenta e agressiva, com rítmicas desestruturadas, mas invasivas, e surpreendentes interjeições melódicas irrompendo pelo magma sonoro quando nada o faria supor. Uma música muito física, mas com um “sentido de descoberta” (expressão utilizada pela revista Downbeat a propósito do álbum Mechanisms) que revela todo um posicionamento intelectual – o de abrir caminho sem nada renegar do passado. Por isso mesmo, esta é a new school do jazz que continua orgulhosamente a old school.
Power trio is a term originating from rock music, but this Chicago-based group has adapted the format to the reality of jazz. The group is led by saxophonist Dave Rempis, backed by Fred Lonberg-Holm’s electrified cello and Paal Nilssen-Love’s drums. Ballister follows in the line of the hard bop trios formed by Sonny Rollins, producing a fusion of jazz with rock (and funk) comparable with the best of Miles Davis’s electric bands and Ornette Coleman’s Prime Time. The trio’s music is free, noisy and aggressive, interspersed with surprising melodies – a new school proudly continuing the old one.