Poucas vezes uma dupla musical faz tanto sentido quanto esta. Sidsel Endresen e Stian Westerhus têm uma característica em comum que tornava este seu encontro numa inevitabilidade: utilizam os seus respetivos instrumentos – ela a voz, ele a guitarra – extensivamente, ou seja, levando-os muito para além das suas capacidades naturais e dos seus usos estabelecidos. Sidsel combina técnicas de vários idiomas musicais, sem se preocupar com rótulos e conveniências musicológicas, e acrescenta-lhes outras que são fruto de uma vida inteira de exploração das suas próprias possibilidades vocais. Stian multiplica as virtualidades da "seis-cordas" por via da amplificação e do processamento de sinal, recorrendo a uma autêntica bateria de pedais de efeitos.
O que quer dizer que cada solução que encontram tem a propriedade de nos deixar cair os queixos. E no entanto, não se trata propriamente de números de circo. Tudo o que o duo faz está ao serviço de uma musicalidade tão refinada quanto consistente, equacionando a experimentação com o folclore norueguês e o sabor jazz dos temas com a influência do metal.
Sidsel Endresen iniciou a sua carreira na década de 1980, enquanto vocalista do Jon Eberson Group, mas depressa passou a gravar em nome próprio, com edições em etiquetas de prestígio como ECM e Jazzland ao lado de Bugge Wesseltoft, Jon Hassell e Nils Petter Molvaer. Estas colaborações foram abrangendo nomes das novas gerações, como Helge Sten e Stale Storlokken, do grupo Supersilent.
Membro das formações rock Puma, Monolithic e Bladed e antigo colaborador da famosa banda norueguesa Jaga Jazzist, Stian Westerhus é um dos mais insignes enfants terribles do guitarrismo experimental escandinavo. O seu disco em parceria com Sidsel Endresen, Didymoi Dreams, foi referido pela crítica como contendo música extraterrestre.