Até há não muitos anos, quando se queria dar o exemplo de um bom baterista de jazz capaz também de forjar um contagiante balanço de rock, surgiam logo os nomes de Jim Black e Chris Corsano. Agora, essa curta lista foi acrescentada com o nome de Ches Smith, parceiro de músicos como Tim Berne, Wadada Leo Smith e John Tchicai, que é ou foi também membro de bandas como Mr. Bungle, Secret Chiefs 3, Xiu Xiu e Ceramic Dog. Pois o líder dos jazzísticos These Arches tem um novo projeto que envolve músicos de perfil semelhante, com disco a aguardar publicação ainda este ano pela ECM. São eles Craig Taborn e Mat Maneri, o primeiro um pianista que habitualmente utiliza instrumentos elétricos e eletrónicos vintage, como o Fender Rhodes e o Moog, e que cresceu a ouvir e a tocar jazz, música contemporânea, techno e metal, e o segundo um violinista e violetista que herdou o híbrido de jazz e serialismo do seu pai, Joe Maneri, e o tem aplicado num vasto leque de situações.
O trio apresenta em Portugal, pela primeiríssima vez, uma música que se baseia em composições abertas do próprio Smith, concebidas para providenciarem aquilo que estes músicos fazem melhor: improvisar. Designadamente, improvisar sem fronteiras nem delimitações de estilo, confiando apenas na escuta, na interação das capacidades criativas de todos os três e naquilo que a crítica especializada já categorizou como uma «química especial». Algo que resulta de uma experiência acumulada que passou pelas colaborações individuais destes magníficos instrumentistas com figuras de primeiro plano como Lee Konitz, John Zorn, Terry Riley, Roscoe Mitchell, Dave Holland, Evan Parker, Dave Douglas, Barre Phillips e Marilyn Crispell, entre muitos outros.