Em 2014, a Culturgest apresentou, em Lisboa, uma exposição de Ana Jotta (1946, Lisboa), intitulada
A Conclusão da Precedente, que incidiu sobre o trabalho por ela realizado desde a sua retrospetiva no Museu de Serralves, no Porto, em 2005. A abordagem então adotada era eminentemente fragmentária, não sistemática, desconsiderando quer o critério de organização cronológica, quer o princípio de reconstituição das sucessivas séries de obras através das quais a sua prática artística se fora processando ao longo do período abarcado. No âmago dessa exposição estava aquilo a que a artista chama "notas de rodapé", uma parafernália de materiais impressos e de objetos por ela reunidos ao longo dos anos e que participam, de diferentes modos, mas sempre com uma função generativa, no seu processo criativo. O livro editado no contexto dessa exposição reuniu muitos desses materiais impressos, e foi esse livro que, inesperadamente, deu origem a esta nova exposição. O livro transmutou-se numa outra obra,
Cassandra, um espaço visual e semanticamente saturado que, nesta circunstância, acolhe um conjunto muito heteróclito de peças produzidas pela artista desde o início da década de 1980. A exposição na Culturgest do Porto torna-se assim caixa de ressonância da obra radicalmente polimorfa de Ana Jotta.
In 2014, Culturgest presented an exhibition of Ana Jotta (1946, Lisbon), entitled
The Conclusion of the Precedent, which focused on the work she had produced since her retrospective at the Serralves Museum, in Porto, in 2005. The approach adopted at that time was decidedly fragmentary and unsystematic, dismissing either the criterion of chronological organisation or the principle of reconstituting the successive series of works through which her artistic practice had materialised during the period covered by the exhibition. Lying at the core of this exhibition was what the artist calls "footnotes", a paraphernalia of objects and printed matter that she has gathered together over the years and which, in different ways, but always with a generative role, play an important part in her creative process. The book published within the context of that exhibition, which brought together much of that printed matter, has unexpectedly given rise to this new exhibition. The book itself has been transfigured into another work (
Cassandra), a visual and semantically saturated space that houses a number of highly eclectic pieces produced by the artist since the 1980s. The exhibition at Culturgest in Porto thus functions as a sound box for Ana Jotta's radically polymorphic work.