Há uns anos meti-me numa discussão com um desconhecido porque ele estava a atirar pedras a uma pata. Ela estava a proteger os ovos. Os filhos do homem estavam a recolher pedras para ele atirar. Disse-lhe que o que ele estava a fazer era desnecessário e se não se importava de parar. Ele disse-me para não me meter onde não era chamada, ou qualquer coisa do género. Eu estava num país estrangeiro e não falávamos a língua um do outro. O que se seguiu foi um confronto irritado, agressivo e físico que não deu em nada: ele continuou a atirar pedras à pata e eu fui para casa escrever sobre isto no Facebook.
Esta é uma meditação combativa sobre a paz e o conflito, o relativismo moral e a função da arte, inspirada num incidente real. Uma mulher viu um homem a atirar pedras a uma pata e gritou com ele.
O que se segue é uma dissecação dos domínios dolorosos do comportamento humano e um percurso pelas complexidades éticas e morais da intervenção. Recheada de historietas e digressões, teoria crítica e filosófica, o texto é acompanhado por uma paisagem sonora rítmica e eletrónica e por uma coreografia atlética ininterrupta que vai do desnecessário e incongruente ao cómico e estranhamente tocante.
Piece for Person and Ghetto Blaster desliza entre cadências, ideias e modos performativos – do teatro à dança à performance e de volta ao teatro – para desafiar a maneira como vemos a arte, o mundo, a violência e os outros.
É uma sessão de treino físico e moral (...). Engenhoso, declaradamente divertido, profundamente inteligente e, como se pretendia, moralmente desconcertante.
Keith Gallasch, RealTime, dezembro-janeiro 2016
Piece for Person and Ghetto Blaster is a confrontational muse on peace and conflict, moral relativism and the very function of art, inspired by an incident that actually happened. A woman saw a man throwing stones at a sitting duck and she yelled at him. What follows is a dissection of the excruciating realms of human behaviour and a navigation of the moral and ethical complexities of intervention. Littered with anecdotes and digressions, critical and philosophical theory, the text is accompanied by a rhythmic electronic soundscape and a non-stop, athletic choreography that shifts from the unnecessary and incongruous to the comic and strangely affecting. These multiple layers form a work in perpetual motion, "a moral and physical workout"
RealTime