(Manuel Poletti) Figurinos Colombe Lauriot Prévost Direção de cena Jérôme Masson Olhar exterior Virginie Hammel Produção, difusão, administração Fabrik Cassiopée (Isabelle Morel, Manon Crochemore & Romane Roussel) Produção delegada Association Poppydog Coprodução Le Quai – Angers, Nanterre-Amandiers, Festival d’Automne à Paris, CDN Orléans, manège – Reims, Théâtre Garonne – Toulouse, L’Arsenic Lausanne, Le Parvis Tarbes, IRCAM Apoio King’s Fountain
Estreia 6 de novembro de 2017, Le Quai – Angers
Jonathan Capdevielle adapta ao teatro Un Crime, romance policial de Georges Bernanos. Desossa os particularismos da província e descasca a franqueza e as tradições dos aldeões para examinar a condição humana com empatia, ternura e humor negro. O “pároco de Mégère” é um recém-chegado que age a contrapelo da religião católica, movido por um enigmático desígnio mortífero. Perdido num policial sem saída, ensurdecido pela polifonia das personagens, o leitor deixa-se engolir pelo labirinto da sua própria investigação.
Capdevielle vai direito ao núcleo deste vulcão de estranheza e terror, na orla do fantástico, pondo em cena o jogo de máscaras desta figura de padre, turva e atraente, que vem perturbar a ordem estabelecida. Brinca com a multiplicidade dos papéis atribuídos a cada um dos atores e com uma interpretação policromática do texto, estendendo o leque de possibilidades da exaltação ao realismo, para melhor esborratar as fronteiras entre realidade, sonho e pesadelo.
Jonathan Capdevielle apresentou na Culturgest Adishatz/Adieu em 2016.
Acontece-lhe ter sonhos, (...) sonhos verdadeiros, sonhos cuja lógica e verosimilhança são tais que parecem prolongar-se mais além, tomar o seu lugar nas nossas recordações, passando a pertencer ao nosso passado?
Georges Bernanos, Un Crime, 1935