No Performance’s Land? pretende interrogar o lugar da performance na contemporaneidade e conta com a presença de múltiplos especialistas e performers europeus, brasileiros e norte-americanos, conferindo-lhe desde já uma inscrição e legitimidade junto de um público alargado que cruza a investigação em ciências sociais e a produção artística. Pretende-se resgatar os estudos performativos de um certo exílio conceptual e explicitar o seu retorno triunfal do que hoje se define por movimento re-performativo. Marcado pela diversidade de propostas performativas em múltiplos formatos, apresenta um leque de artistas de relevo internacional que pela primeira vez apresentam os seus trabalhos em Portugal: Nao Bustamonte, colaborou com Guillermo Gomez-Peña, pioneira do movimento performativo nova-iorquino com forte linguagem política e de crítica feminista; Francesca Fini, uma das mais importantes artistas italianas do video-art e da performance digital; Ida Larsen, uma artista emergente na Dinamarca que cruza dança com arte da performance num espectáculo de grande proximidade; Márcio-André, um artista sonoro com um longo trabalho na experimentação poética cruzando linguagens; Andreia Inocêncio uma jovem artista transdisciplinar com uma proposta de performance irónica sobre a condição da mulher artista nómada; e João Garcia Miguel, conceituado performer, que estreará em Lisboa uma versão do seu mais recente espectáculo interactivo com claras referências à instalação. No Performance’s Land? reúne uma paleta de artistas e de espectáculos que permitem pensar a performance e o seu papel na compreensão da contemporaneidade.
Sexta-feira 15 de Abril
21h00 · Pequeno Auditório · Duração: 1h15
Silver & Gold
Nao Bustamante (EUA)
Silver & Gold combina filme, live performance e figurinos originais numa filmformance que evoca a musa de um lendário realizador, Jack Smith e o seu tributo a uma estrela de cinema dos anos 1940, a dominicana Maria Montez, numa exploração mágica e irónica de glamour, raça, sexualidade e silver screen (um modelo de ecrã característico dos anos iniciais do cinema). No final a artista terá uma conversa com o público sobre o seu trabalho e sobre o actual momento da performance art.
Sábado 16 de Abril
21h / 21h30 / 22h · Garagem Culturgest · Duração: 20 min. cada sessão
Elena Ceausescu Wunderkammer
Idaperformers (Dinamarca)
Coreografia Ida Larsen
Performers Kir Qvortrup & Gry Raaby Cenografia Joy Sun-Ra
Música Timo Kreuser
Ida Larsen é uma coreógrafa e performer que propõe à audiência nesta sight specific performance uma experiência intima sobre a relação da antiga mulher do ditador romeno e a sua criada Edna. A performance decorre no interior, no capot, na bagageira e à volta de um antigo Ford para o qual o público, em pequenos grupos, será convidado a entrar ou assistir. Uma performance sufocantemente intensa.
Sábado 16 Abril
22h30 · Pequeno Auditório · Duração: 50 min.
Cry Me; Oasis in the desert; War; Performing the mirror; The shadow; Note off; Western meat market; Colors
3 Live performances & 5 video art
Francesca Fini (Itália)
Uma das mais importantes videastas e performers italianas apresenta aqui um significativo conjunto de obras, algumas delas premiadas. O seu trabalho utiliza arte digital em tempo real, vídeo, sonoridades, poemas visuais, body art, movimento, numa paisagem de sincronização e mixagem tecnológica absolutamente originais. Cry Me, inspirado em Frida Kahlo, é talvez o seu trabalho mais conhecido. Os seus universos performativos vão da digitalização de pintura animada, à video art, passando por uma delicada mixagem da body art, movimento e arte digital até à instalação. O corpo é em todos eles o suporte e o núcleo de toda a sua produção artística.
Domingo 17 de Abril
19h30 · Pequeno Auditório · Duração: 1h
Poesia Sonora
Márcio-André (Brasil)
Márcio-André é um poeta, artista sonoro, ensaísta e editor. A sua ligação à performance faz-se enquanto poeta experimental com ênfase no tratamento de som e processamento da palavra em tempo real. Nesta performance original explora, a partir do improviso texto-voco-visual, as possibilidades da fala, levando a poesia aos limites da leitura e extrapolando a fronteira com a música experimental. O espectáculo tem como base a exibição de vídeos simultâneos do youtube, manipulados e processadas em tempo real. Um ambiente íntimo de fruição de imagens numa paisagem sonora poética.
Domingo 17 de Abril
Sala 2 · 20h45 · Dur. 20 min.
“É prova de fogo e de bala” (Ai! A Super-Artista incógnita)
Andrea Inocêncio (Portugal)
Andrea Inocêncio é uma artista transdisciplinar com formação em artes plásticas. Projecto iniciado em 2008 num processo contínuo de investigação e produção artística com várias performances distintas. O conceito da “Super-Artista Incógnita” parte da construção de figurinos e adereços para criar a imagem desta heroína que está em constante mutação, que se vai construindo a partir das referências culturais originárias/estereotipadas – o folclore, o fado, o estudante de Coimbra, etc. – e de uma vivência migrante e em trânsito da artista. A música improvisada ao vivo adensa este imaginário irónico.
Domingo 17 de Abril
Palco do Grande Auditório · 21h30 · Duração: 1h
Filhos da Europa
João Garcia Miguel (Portugal)
Performers Nuno Cardoso e Sara Ribeiro
Música/videasta Rui Gato
Direcção técnica Luís Bombico
João Garcia Miguel, encenador, artista visual e actor, fundador e participante em vários colectivos artísticos – no âmbito da pintura, instalação, teatro e performance. Foi responsável pelo grupo O Olho e actualmente é o director do Espaço dos Ursos e dos Anjos. O Filho da Europa é um cubo no qual são projectadas imagens captadas em tempo real da performance teatral realizada a partir do texto Kaspar de Peter Handke. A peça é constituída por um elemento cenográfico pictórico, uma instalação sonora interactiva e um sistema de iluminação também interactivo e de uma performance que se vai transformando em função do espaço e do público.