Num momento inspirado, o compositor Willie Dixon afirmou um dia que «os blues são actualmente uma espécie de documentário sobre o passado e o presente – e qualquer coisa que dá às pessoas inspiração para o futuro». É difícil melhor explicar porque, de novo, Hootenanny é dedicada aos blues.
Percorrer o último século da música popular norte-americana – e não apenas nas suas expressões mais genuínas, mas também nas mais comerciais – é inevitavelmente encontrar em cada momento a influência da mais original criação musical dos Estados Unidos. No jazz, tal ligação é inteiramente transparente e não apenas no percurso de criação e desenvolvimento: os blues constituem assumidamente um eterno retorno cada vez que os seus intérpretes e criadores sentem a necessidade de uma evolução, verificam um impasse nos caminhos percorridos. Mas este papel constantemente revitalizador dos blues não pode ser separado do facto de que eles próprios mantêm uma especificidade própria, um percurso autónomo igualmente em permanente renovação e gestação.
No que se refere à música de expressão branca, mesmo nos mais sombrios tempos de segregação, a sonoridade afro-americana sempre surgiu inquestionável, de George Gershwin à Broadway, de Tin Pan Alley às tradições dos Apalaches e nem a country de Nashville ilude essa influência. E isto para não falar do rock and roll (esse «rhythm & blues tocado por brancos», como lhe chamou Chuck Berry...) e da constante influência (mais ou menos evidente, não apenas nos EUA, mas um pouco por todo mundo) em todas as evoluções da música popular.
Assim, em rigor, e de sons populares norte-americanos se tratando, talvez não seja inteiramente exacto dizer que, em Fevereiro na Culturgest os blues regressam ao Hootenanny: em rigor sempre lá estarão!
Programa
Sábado 29
Luther “Guitar Junior” & The Magic Rockers
Segunda 31
Terça 1
Quinta 3
Sexta 4