Na sua tentativa de definir e distinguir o trabalho criativo da arte, da ciência e da filosofia, Gilles Deleuze e Félix Guattari sugerem que estas disciplinas procedem a uma luta comum. Lutariam não apenas contra a opinião mas contra o cortejo das opiniões propriamente artísticas, científicas ou filosóficas, contra a Urdoxa de cada uma das disciplinas.
Que o discurso científico, no caso específico que aqui se destaca, possa interessar uma escola de arte não tem, verdadeiramente, nada de estranho. Trata-se de satisfazer a sede de todos aqueles que procuram, para além do que é corrente, o que é vital. Que objectos mentais nos surgem como poderosos ou belos se não forem ‘determináveis como seres reais’, se não constituírem imagens ‘recortadas no caos’ – corpos compostos a partir da variabilidade infinita à qual foram, literalmente, conquistados? Não é certamente com as mesmas ferramentas que arte e ciência procedem a essa conquista. Mas ao fazê-lo, partilham a mesma alma, estão expostas à mesma força: a alma é cérebro, a força é cérebro.
Manuel Castro Caldas, Ar.Co-Centro de Arte e Comunicação Visual *
* Manuel Castro Caldas escreve de acordo com a antiga ortografia.
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15 de novembro
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