Mais blues na Culturgest – e a manutenção de uma novidade do ano passado: a presença de uma banda portuguesa.
Na sua origem, o ciclo Hootenanny teve exatamente a ideia de contribuir para contrariar que muitas expressões de música tradicional e popular norte-americana se mantivessem no esquecimento em que se quedam face às comercialmente mais poderosas – rock, pop.
No primeiro ano fomos até aos Appalaches e ao Kentucky, mas a verdade é que ainda falta muito (muito do bluegrass, influências hispânicas da Califórnia, cajun da Louisiana, o peculiar klezmer de Nova Iorque...)
Entretanto, temos andado pelos blues! Diz-se que com geral agrado... E assim, voltaremos!
Uma explicação de certa forma se impõe: em rigor, são sobretudo os blues eletrificados, mais modernos, mais a Norte e não os do Delta, os que temos trazido. É que não é fácil. O tempo passa – e o Katrina passou em New Orleans. Além das leis implacáveis da vida, a tragédia dispersou para longe da Crescent City milhares de intérpretes. Muito se perdeu. Muito se continuou a sofrer.
Significativamente, o guitarrista da banda portuguesa de 2014, ao explicar a opção pela sonoridade do seu grupo, a que cintilantemente o entrevistador chama «eletrificada e abrasiva, cúmplice com a matriz rock ’n’ roll», responde: «O blues rural, não conseguiria jamais tocá-lo pois não tenho idade nem acumulei o sofrimento suficiente. Os homens e mulheres que tocavam esse blues carregavam o mundo às costas e são, a meu ver, seres artisticamente superiores.»
Blues people na Culturgest.
Ruben de Carvalho
sáb 1 de fevereiro Big James & the Chicago Playboys
seg 3 de fevereiro Budda Power Blues