Quem nunca sentiu um aperto repentino no estômago, um arrepio a percorrer a coluna, a pele de galinha quando não está frio, a explosão ou a suavidade de uma palavra proferida ou a atmosfera pesada de uma sala? A sensação é concreta e materializa-se no corpo, permeável ao ambiente e aos outros.
Distintas de emoções e sentimentos, qualificáveis em categorias universais, estas impressões são subtis e voláteis. Diversos campos do saber têm vindo a explorar a especificidade destes afetos (do que nos afeta), tais como, a filosofia (Deleuze, Massumi), a psicologia (Tomkins), as neurociências (Damásio), os estudos culturais e feministas (Berlant, Ahmed, Sedgwick) bem como as práticas artísticas que configuram situações e experiências desafiadoras da relação tradicional com a obra num museu ou num teatro.
Embora dificilmente consigamos definir o que são os afetos, sabemos o que fazem: atravessam e medeiam a nossa experiência do mundo. Neste sentido, eles são performativos, isto é, a sua circulação social e cultural, apesar de invisível, tem uma influência inegável sobre a forma como nos relacionamos com os outros. Eis o poder dos afetos.
O ciclo O poder dos afetos propõe abordar alguns dos traços performativos dos afetos, mostrando como estes participam de áreas distintas da nossa vida, por exemplo, nas relações laborais, nos espaços sociais e culturais e nos modos de pensar e sentir.
Doutorada em Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa, Ana Pais é investigadora e dramaturgista. Foi crítica de teatro (Público, Expresso, Sol), docente (ESTC). É autora de O Discurso da Cumplicidade. Dramaturgias Contemporâneas (2004).
5 de fevereiro
A performatividade dos afetos na vida e no teatro, Ana Pais
Devido a dificuldades técnicas, a gravação da conferência apresenta um ruído de fundo que não conseguimos eliminar. Pelo facto, pedimos as nossas desculpas.
12 de fevereiro
Trabalho emocional e subalternidade, Sara Falcão Casaca (Sociologia do trabalho e género, professora no ISEG) e Inês Brasão (Sociologia histórica, professora no IPL)
19 de fevereiro
O poder dos afetos privados na construção da vida pública, Helena Marujo (Psicologia positiva, professora no ISCSP)
26 de fevereiro
Movimentos afetivos do pensamento, Paula Caspão (Filosofia e Artes Coreográficas, pós-doc no CET)